O navio de cruzeiros ASTORIA, a operar actualmente para o mercado britânico pela Cruise & Maritime Voyages, foi originalmente lançado a 9 de Setembro de 1946 para a Swedish America Line como STOCKHOLM, um nome que ficou associado a uma das maiores tragédias marítimas da história.
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O ASTORIA como STOCKHOLM na sua forma original. Imagem: SS Maritime. |
Em 1956 num dia de denso nevoeiro, o STOCKHOLM em viagem transatlântica no sentido este-oeste, colidiu no Atlântico Norte com o paquete ANDREA DORIA, que viajava no sentido oposto. O acidente acabou por levar ao naufrágio deste último, lançado apenas três anos antes e que até então era visto como o orgulho da Marinha Mercante italiana. Do outro lado e por mais incrível que possa parecer, o STOCKHOLM ficou com a proa abalroada mas não afundou, tendo ainda resgatado a maioria dos passageiros do ANDREA DORIA e continuando viagem pelos seus próprios meios rumo a Nova Iorque. Todavia 47 passageiros do navio italiano acabaram por perder a vida no momento do acidente.
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STOCKHOLM de chegada a Nova Iorque com a proa abalroada dias depois da colisão com o ANDREA DORIA. Imagem: SS Maritime. |
As reparações para a proa do STOCKHOLM iniciaram-se posteriormente nos estaleiros norte-americanos de Bethlehem Steel Company em Baltimore e o navio voltou a navegar em Novembro de 1956. Porém nos anos que se seguiram, a perda de notoriedade após a tragédia era bem patente e em 1960 foi renomeado de VOLKERFREUNDSCHAFT a operar cruzeiros maioritariamente para alemães do partido comunista, trabalhadores e famílias aos quais eram atribuídas este tipo de viagens como recompensa.
Apesar das suas origens datarem de 1946, o ASTORIA é agora, no fundo, um navio dos anos 90, tanto a nível exterior como técnico, resistindo apenas o casco da década de 40. Entre 1992 e 1994 foi totalmente remodelado, tendo sido construído um casario novo e as turbinas a vapor substituídas por motores diesel, entre outras alterações não menos importantes. Regressou como novo, renomeado de ITALIA PRIMA a operar para os italianos da Nina Compania di Navigazione.
Posteriormente ainda passou pela Festival Cruises como CARIBE e depois por duas companhias sediadas em Portugal, primeiro como ATHENA pela Classic International Cruises e de seguida como AZORES para a Portuscale Cruises, sendo que em ambas era normalmente fretado a operadores estrangeiros. Foi precisamente para a CMV, o último operador pelo qual o AZORES navegou por afretamento, que recentemente tomou a propriedade do navio mudando a sua designação para a actual.
O ASTORIA conta hoje em dia com uma história vasta, que poderia muito bem ter terminado em 1956, caso o acidente no qual foi interveniente tivesse ocorrido de outra forma, ou inclusive colocando a hipótese se o mesmo não tivesse acontecido, seria então muito provável que não teria resistido como tem feito actualmente, se tivesse continuado como STOCKHOLM. Deveras uma navio afortunado pelo destino.
Nas imagens, o ASTORIA visto no Funchal a 7 de Abril último, na primeira escala que fez no porto da capital madeirense com este nome, no decurso de um cruzeiro aos arquipélagos dos Açores e Madeira baseado em Inglaterra.
Fotografias da autoria de João Abreu, salvo referência contrária.
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